domingo, 1 de abril de 2007

11.43 A.M.

Uma respiração pesada do outro lado do telefone. Uma cadência regular e marcada.

-Tou?
-Tou! Então? O que é que se passa?
-Preciso de ajuda -diz a voz desesperada e tremida- não sei onde é que tou!
-Calma, tem calma, olha lá à volta.
-Onde é que eu tou?
-Não sei pa, comigo não estás!
-Fui raptado! Não sei onde é que tou! Tou com medo...
-Calma meu, procura uma referência. Procura alguêm que esteja aí.
-Fui raptado. Só vejo um candeeiro, daqueles altos. Preciso de vomitar. Vou lá.
-Epah, procura uma casa de banho, não vais vomitar no meio do nada.
-Tou-me a cagar, não aguento.
-Então puto? Procura uma casa de banho, deve haver aí uma!
-Onde é que tu estás?
-Eu estou em minha casa!
-Sortudo.
-Ouve...
-Shhhh! Vem aí alguêm!

O telefone desliga-se.

Minutos depois volta a tocar.

-Tou?
-Tou. Era a minha prima. Tou em casa da minha prima. Mesmo sweet, trouxe-me um copo de água com açucar.
-Onde é que é a casa da tua prima?
O desespero volta a invadir a turbulenta respiração -Não sei, nunca cá vim. Onde é que eu estou?

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